David Martyn Lloyd-Jones, Um Gladiador Contra a Mundanização da Igreja

David Martyn Lloyd-Jones, Um Gladiador Contra a Mundanização da Igreja


David Martyn Lloyd-Jones (1899 -1981) foi um teólogo protestante de
origem galesa que foi influente na ala reformada do movimento
evangélico britânico no século 20. Por quase 30 anos, ele foi o
ministro da Capela de Westminster, em Londres. Lloyd-Jones era um
forte opositor da teologia liberal (igreja Emergente) que se tornou
uma parte de muitas denominações cristãs, considerando-a como uma
aberração. Ele discordou da abordagem ampla(no sentido de adaptar-se
ao mundo) da Igreja e incentivou os cristãos evangélicos
(especialmente anglicanos) a deixarem suas denominações existentes,
considerando que a comunhão cristã verdadeira só é possível entre
aqueles que partilharam convicções comuns sobre a natureza bíblica da
fé. Lloyd-Jones é considerado um dos maiores pregadores protestantes
do século XX.

Início

Lloyd-Jones nasceu em Cardiff e foi criado em Llangeitho, Ceredigion.
Llangeitho está associado com o renascimento metodista galês, como era
o local do ministério de Daniel Rowland. Frequentou uma escola de
gramática Londrina entre 1914 e 1917 e, em seguida, o Hospital St.
Bartholomew's como um estudante de medicina. Em 1921 começou a
trabalhar como assistente do médico da família real inglesa, Sir
Thomas Horder. Ele vislumbrava um futuro brilhante e lucrativo como um
destacado médico. Então, algo aconteceu. Lentamente, depois de uma
profunda luta, sua mente e seu coração foram tomados pelo evangelho
cristão. Ele compreendeu que muitos dos seus pacientes precisavam algo
mais do que medicina comum e ele se entregou ao ministério cristão.
Depois de lutar durante dois anos sobre se o que sentiu foi um chamado
para pregar, em 1927, Lloyd-Jones voltou ao País de Gales, tendo
casado com Bethan Phillips, aceitando um convite para ministrar em uma
igreja em Aberavon (port talbot).

Capela de Westminster


Depois de uma década, ministrando em Aberavon, em 1939 ele voltou para
Londres, onde tinha sido nomeado como pastor adjunto da Capela de
Westminster, Londres, trabalhando ao lado de G. Campbell Morgan. O dia
antes de ele ser oficializado para ser aceito em sua nova posição,
estourou a II Guerra Mundial na Europa. No começo da guerra o Dr.
Lloyd-Jones tinha se tornado presidente das Uniões Evangélicas de
Comunhão Universitária e estava profundamente envolvido em aconselhar
e guiar seu fundador e secretário geral, Dr. Douglas Johnson. Juntos
reuniram-se com os líderes dos movimentos em outros países e formaram
a Comunidade Internacional dos Estudantes Evangélicos (aqui no Brasil
conhecida como ABU). Em 1943, Morgan aposentou-se, deixando Jones
como único Pastor da Capela de Westminster.

Lloyd-Jones era bem conhecido por seu estilo expositivo da pregação, e
nas manhãs de domingo e nas reuniões à noite em que ele oficializava,
atraiu multidões de pessoas, como fez nas sextas-feiras à noite nos
estudos bíblicos, que eram, na verdade sermões. Em seu estilo,
Lloyd-Jones levava meses, até anos, para expor um capítulo da Bíblia
versículo por versículo. Seus sermões costumava ser em torno de
cinqüenta minutos a uma hora de duração, atraindo muitos estudantes de
universidades e faculdades em Londres. Seus sermões também eram
transcritos e impressos (quase literalmente) no registro de
Westminster semanais, o que foi lido avidamente por aqueles que
apreciaram a sua pregação.

A Controvérsia Evangélica

Lloyd-Jones provocou grande controvérsia em 1966, quando na Assembléia
Nacional de Evangélicos, organizada pela Aliança Evangélica, ele
apelou a todos os pastores de convicção para deixar as denominações
evangélicas que continha congregações liberais e neo-evangélicas. Essa
afirmação causou um grande mau estar aos evangélicos dentro da Igreja
da Inglaterra. Como uma figura significativa para muitas das igrejas
de fora das grandes denominações, Lloyd-Jones tinha a esperança de
incentivar os cristãos com profunda crença bíblica a se retirarem de
todas as igrejas onde se apresentassem visões alternativas da bíblia.

No entanto, Lloyd-Jones foi criticada pelo líder evangélico anglicano
John Stott. Embora Stott não fora programado para falar, ele usou sua
posição como presidente da reunião e repreendeu publicamente
Lloyd-Jones. Este conflito aberto entre os dois estadistas mais velhos
da igreja evangélica britânica foi amplamente noticiado na imprensa
cristã e causou polêmica considerável. No ano seguinte, foi realizado
o primeiro Congresso Nacional Evangélico da Igreja Anglicana. Nesta
conferência, em grande parte devido à influência de Stott, anglicanos
evangélicos se comprometeram a plena participação na Igreja da
Inglaterra, rejeitando a abordagem separacionista proposta por
Lloyd-Jones. Essas duas conferências efetivamente criaram uma divisão
na direção de grande parte da comunidade britânica evangélica. Sem
dúvida, os dois grupos adotaram posições diametralmente opostas. Essas
posições resultantes da cisão continuam praticamente inalteradas até
hoje. [ O futuro iria provar que Lloyd-Jones estava correto. A igreja
anglicana inexplicavelmente em 2008 pediu publicamente desculpas a
Chales Darvin por reconhecer que ele estava correto, e aqui no Brasil
participa da para-gay de São Paulo].

Lloyd-Jones se aposentou do seu ministério na Capela de Westminster,
em 1968, na seqüência de uma operação. Ele falou de uma crença de que
Deus lhe impediu de continuar a pregar sobre um texto da Carta aos
Romanos que se refere a alegria do Espírito Santo, porque ele não
conhecia suficientemente sobre a "alegria no Espírito Santo", baseado
em Romanos 14:17. No resto de sua vida, ele concentrou-se na edição de
seus sermões para serem publicados, no aconselhamento a pastores, na
resposta de várias cartas e em conferências. Talvez sua obra mais
famosa é uma série de 14 volumes de comentários sobre a Epístola aos
Romanos.

Apesar de passar a maior parte de sua vida vivendo e ministrando na
Inglaterra, Lloyd-Jones estava orgulhoso de suas raízes do País de
Gales. Que melhor expressa sua preocupação com seu país de origem
através do seu apoio ao movimento evangélico do País de Gales. Ele era
orador regular em suas conferências, pregando em Inglês e galês. Desde
sua morte, o movimento tem publicado vários livros, em Inglês e galês,
reunindo seleções de seus sermões e artigos.

Lloyd-Jones pregou pela última vez em 8 de Junho de 1980, na capela
Batista de Barcombe. Depois de uma vida de trabalho, ele morreu
tranqüilamente em seu sono em Ealing, em 1 de Março de 1981. Ele foi
enterrado no Newcastle Emlyn, perto de Cardigan, no oeste do País de
Gales.

Movimento Pentecostal

Martyn Lloyd-Jones tem muitos admiradores de diferentes denominações
da Igreja Cristã de hoje em dia. Um aspecto muito discutido do seu
legado é a sua relação com o movimento pentecostal. Respeitado por
líderes de várias igrejas associadas a este movimento, embora não
diretamente associado a eles, ele ensinou o batismo com o Espírito
Santo como uma experiência distinta, além da conversão e regeneração
do Espírito Santo. Parte do esforço de Lloyd-Jones para conscientizar
os cristãos da necessidade do batismo com o Espírito Santo era devido
à sua crença de que este garante um profundo amor de Deus para o
cristão, e assim permite-lhe corajosamente testemunhar Cristo para um
mundo incrédulo.

Pregação

Lloyd-Jones raramente concordou em pregar ao vivo pela televisão, (o
número exato de vezes não é conhecido, mas provavelmente foi apenas
uma ou duas vezes). Seu raciocínio por trás dessa decisão foi a de que
este tipo de pregação era "controlada", isto é, por questões de
programação ela era limitada pelo tempo". Jones afirmava que isso
limitava a liberdade do Espírito." Em outras palavras, ele acreditava
que o pregador deve ser livre para seguir a liderança do Espírito
Santo sobre a duração do tempo em que ele está autorizado a pregar.
Ele registrou que uma vez perguntou a um executivo de televisão que
queria que ele pregasse na televisão, "O que aconteceria com os seus
programas, se o Espírito Santo, de repente descesse sobre o pregador e
o possuísse, o que aconteceria com o resto dos seus programas?"

Talvez o maior aspecto do legado de Lloyd-Jones tenha a ver com sua
pregação. Lloyd-Jones foi um dos pregadores mais influentes do século
XX. Muitos volumes dos seus sermões foram publicados pela Banner of
Truth, bem como outras editoras. Em seu livro, Pregação e Pregadores
(Zondervan, 1971), Lloyd-Jones descreve a sua opinião sobre a
pregação, ou o que poderia ser chamado de sua doutrina de homilética.
Neste livro, ele define a pregação como "Lógica em fogo." O
significado desta definição é demonstrada ao longo do livro, no qual
ele descreve o seu estilo próprio de pregação que tinha desenvolvido
durante seus muitos anos de ministério.

Seu estilo de pregação pode ser resumido como "lógica em fogo 'por
várias razões. Primeiro, ele acreditava que o uso da lógica era vital
para o pregador. Mas seu ponto de vista da lógica não era a mesma que
a do Iluminismo. É por isso que ele chamou de "lógica em fogo." O fogo
tem a ver com a atividade e o poder do Espírito Santo. Portanto, ele
acreditava que a pregação deveria ser uma demonstração lógica da
verdade de uma determinada passagem da Escritura com a ajuda, ou unção
do Espírito Santo. Essa visão se manifesta na forma de seus sermõe.
Jones acreditava que a verdadeira pregação sempre foira expositiva.
Isso significa que ele acreditava que o principal objetivo do sermão
era revelar e ampliar o ensino primário da passagem sob consideração.
Uma vez que o ensino primário foi revelado, ele teria então
logicamente que expandir esse tema, demonstrando que era uma doutrina
bíblica, mostrando que era ensinado em outras passagens da Bíblia, e
usando a lógica, a fim de demonstrar a sua utilidade prática como uma
necessidade para o ouvinte. Desenvolvendo esse tema, ele trabalhou em
seu livro "Pregação e Pregadores", exigindo cautela aos pregadores
jovens contra o que ele considerava um perigo: O "comentário", o
estilo de pregação, bem como a tentativa de adaptações da bíblia ao
tempo moderno.

Jones aplicava uma habilidosa diagnose clínica, analisando a
perspectiva mundana, mostrando sua futilidade ao tratar do poder e da
persistência do mal, e contrastando-a com a perspectiva cristã, sua
lógica, seu realismo e seu poder. Ele tinha a habilidade de vestir sua
análise clínica com uma linguagem viva e convincente, de tal maneira
que ela ficava grudada na mente. Ele poderia falar duramente sobre as
tolices do mundo e dar uma visão contrastante da sabedoria e do poder
de Deus de uma tal maneira que provocava uma forte reação por parte da
sua audiência. As pessoas se retiravam determinadas a nunca mais
voltar; contudo, apesar de si mesmas, elas voltavam para os bancos no
domingo seguinte até que, incapazes de continuar resistindo à
mensagem, elas se tornavam cristãs.

A pregação de Lloyd-Jones se diferenciava por sua exposição no tom da
bíblia em seu fogo próprio e pela paixão demonstrada em sua entrega a
essa obra. Ele é assim conhecido como um pregador que continuou a
tradição puritana da pregação experimental. A famosa citação sobre os
efeitos da pregação Lloyd-Jones é dada pelo famoso teólogo e pregador
J.I. Packer, que escreveu, "Nunca ouvi uma pregação como essa." Ela me
veio "com a força de choque elétrico, elevando para pelo menos um de
seus ouvintes, mais de um sentido de Deus, do que qualquer outro homem
que eu tenha ouvido".

Lloyd-Jones também foi um ávido defensor da Biblioteca Evangélica de Londres.

Pouco depois de sua morte, um fundo de caridade chamado "Recordings
Trust" foi estabelecido para continuar o ministério de Lloyd-Jones,
fazendo gravações de seus sermões e os disponibilizando. A organização
tem atualmente 1.600 palestras disponíveis e também produz um programa
semanal de rádio usando esse material.
http://www.mlj.org.uk/mlj.nsf/INDEX?openform

Fonte: Adaptação das matérias, "Jornal Os Puritanos, Ano II – Número 2
– Abril/1993", via morgenismo.com e "Martyn Lloyd-Jones" do
pt.wikipedia.org

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